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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Chico Xavier e o Nosso Lar


Francisco Cândido Xavier, mais conhecido por Chico Xavier, foi o mais famoso médium brasileiro, tendo nascido numa cidade do Estado de Minas Gerais em 1910 e falecido em 2002, num dia em que os brasileiros festejavam a conquista do campeonato mundial de futebol. Estavam pois felizes e em festa, e assim se cumpria o desejo de Chico Xavier que tinha pedido a Deus para que o levasse deste plano num dia de alegria para o seu país Natal.

Como se sabe, as relações entre a Teosofia e Espiritismo nem sempre foram as melhores. Embora, ambos na 2ª metade do século XIX tenham enfrentando a oposição do “establishment”, nomeadamente das instituições religiosas, as explicações para os fenómenos mediúnicos são divergentes. Blavatsky no início da sua fase de propagação pública da Teosofia tentou inicialmente atrair alguma atenção, criando uma Sociedade Espírita no Cairo, em 1871, aparentemente com o objectivo de depois de conseguir alguma visibilidade, dar a sua explicação para os fenómenos. O falhanço rotundo dessa Sociedade não a impediu de mais tarde, explicar que muitos dos espíritos não eram mais que invólucros vazios, ou seja, o mero corpo astral desassociado dos princípios superiores, já em processo de decomposição e que muitas vezes era animado por elementais ou então pelo princípio vital dos médiums. Num outro post, poderemos abordar com mais detalhe e precisão este assunto, enquadrando também o tipo de mediunidade que era praticado naquele tempo e o que existe agora. Alguns dos mais ferozes inimigos (que foram inúmeros, como se sabe) de Blavatsky eram indivíduos ligados à corrente espírita. Para quem quiser saber mais sobre as diferenças entre a Teosofia e o Espiritismo relativamente à interpretação dos fenómenos mediúnicos, pode clicar aqui

O motivo deste post é o de fazer uma menção a um filme lançado no Brasil durante 2010, baseado numa das obras psicografadas por Chico Xavier,  chamada “Nosso Lar”. Este livro foi escrito em 1944, tendo sido supostamente ditado por um “espírito” chamado André Luiz. O filme que terá custado cerca de 9 milhões de euros, foi uma das produções mais caras de sempre do cinema brasileiro, contando com uma banda sonora da responsabilidade de Phillip Glass e ainda com efeitos especiais criados em estúdios norte-americanos. Alguns dos actores são nossos conhecidos, tendo já participado em novelas brasileiras transmitidas nos canais portugueses. A crítica especializada não foi meiga com o filme, mas quem se interessa por estes temas tem sempre alguma curiosidade em visionar a película. Fi-lo recentemente  e efectivamente tem algumas ideias interessantes, como seja a representação das dimensões mais baixas (e desagradáveis)  do plano astral. Quem conhece alguns dos ensinamentos teosóficos sobre os estados post-mortem, poderá associar o pano de fundo do filme ao kâma-loka, descrito no Glossário Teosófico (Editora Ground), como “o plano semimaterial, subjectivo e invisível para nós onde as personalidades desencarnadas, as formas astrais (...), permanecem até se desvanecerem totalmente, graças ao completo esgotamento dos efeitos dos impulsos mentais, que criaram estes eidolons [fantasma humano, a forma astral] das paixões e desejos humanos e animais.(...) É o limbo ou purgatório dos católicos romanos e o Summerland dos espíritas americanos. Kâma-loka é a região ou mansão do desejo (...) onde os restos astrais dos defuntos corrompem-se e se decompõem. Nesta região, as almas dos mortos que não são puras vivem até que os seus kâma-rûpas (formas de desejo) são abandonados por uma segunda morte e, ao se desintegrarem, verifica-se a separação dos princípios superiores (...). O kâma-loka é a primeira condição pela qual passa a entidade humana, depois da morte (...).
O Summerland acima referido popularizou-se na 2ª metade do século XIX, pelas mãos de Andrew Jackson Davis, clarividente norte-americano que descrevia a “Terra de Verão” como tendo cidades, formosos edifícios, museus, bibliotecas e onde os espíritos tinham uma vida aparentemente semelhante à da Terra, embora incomparavelmente mais feliz. É fácil estabelecer aqui um paralelo com as descrições de Chico Xavier.

Entretanto, o filme já chegou aos EUA, com o nome de "Astral City - A Spiritual Journey".  A Portugal, que eu saiba não, mas no mínimo parece-me um boa oportunidade de negócio, pois é natural que muito público português sinta curiosidade em visionar esta película.
Se bem que a percepção dos teosofistas sobre este processo tenha diferenças substanciais comparativamente aos espíritas, filmes que façam questionar sobre o sentido da vida (e da morte) são sempre bem-vindos. Quanto a Chico Xavier, apesar de eu não ser um leitor da sua extensa obra, há que referir que foi uma pessoa extremamente solidária e humilde, pronta a ajudar o próximo e a reduzir o sofrimento da espécie humana, não poupando em palavras de esperança e conforto. Sem dúvida, neste aspecto Chico é um exemplo a ser seguido. Divulgou extensamente os princípios do espiritismo, apoiado segundo dizia ele, pelos seus guias espirituais.
Aliás Chico Xavier teve direito também a ver a sua vida retratada em filme, por sinal cinematograficamente mais bem conseguido que “Nosso Lar”. Esta película foi também lançada em 2010.
Abaixo ficam os trailers de ambas as obras.


NOSSO LAR



CHICO XAVIER


Para o futuro, fica a promessa de outros posts sobre filmes que abordam temáticas ligadas aos pontos de foco do Lua em Escorpião.

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