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sábado, 5 de maio de 2012

Plutarco e o destino do ser humano depois da morte


Plutarco foi um filósofo grego que viveu nos séculos I e II  da nossa era e que deixou uma extensa literatura, muita dela ainda disponível nos dias de hoje.

Um desses textos, que descreve o processo de morte do ser humano de um modo simples, está em linha com o que podemos encontrar na literatura teosófica, quer nos escritos de Helena Blavatsky quer nas Cartas dos Mahatmas (salvo algumas diferenças, que são óbvias e explicáveis para quem conhece esses textos), por exemplo. 

Sendo certo que o processo da morte será um tema recorrente neste blog, apresento de seguida a tradução do inglês feita a partir desta mensagem de Daniel Caldwell no theos-talk.

“O Homem é um composto [soma, psyche e nous] e está enganado quem pensa que ele é composto de apenas duas partes.

Há quem imagine que é o entendimento [nous] é uma parte da alma [psyche], mas é um erro não inferior ao dizer que a alma [psyche] é uma parte do corpo [soma].

Esta combinação da alma [psyche] com o entendimento [nous] forma a razão e [a combinação da psyche] com o corpo [soma] [forma] o desejo [NT- passion no original] [thumos].

Destas três partes [soma, psyche e nous] conjuntas e compactas, a Terra deu o corpo [soma], a Lua (deu) a alma [psyche], e o SOL [deu] a compreensão [nous] para a geração [criação] do homem.

Agora das [duas] mortes, a primeira [a primeira morte, a morte física] torna o homem em dois [psyche e nous] [em vez] de três e a outra [a segunda morte no Hades] [torna-o em] um [nous] [em vez de] dois.
A anterior [a primeira morte] é na região de Deméter [Terra] [NT- Deméter era a deusa grega da agricultura, conhecida por Ceres pelos romanos].

Quanto à outra [segunda] morte, é na Lua ou na região de Perséfone [Hades] [NT- Perséfone, filha de Démeter,  foi raptada por Hades - o Plutão da mitologia grega - que a levou para o mundo dos mortos. Mais tarde seria resgatada, mas nunca rejeitou inteiramente Hades, pelo que passava metade do ano no mundo dos mortos].

A [primeira morte] repentina e com violência arranca a alma [psyche] do corpo [soma], mas Perséfone suavemente e durante um longo período desune o conhecimento [nous] da alma [psyche].

Por esta razão ela é chamada Monogenes, unigénita, isto é gerando um só, pois a melhor parte do homem [nous] fica sozinha quando [nous] é separada [no Hades, da psyche] por ela.

Ambas [a primeira e a segunda mortes] ocorrem de acordo com a Natureza.

É estabelecido pelo Destino que cada alma [psyche], com ou sem entendimento [nous], quando fora do corpo [soma], deve vaguear por um tempo, embora não todas durante o mesmo [tempo], na região [do Hades] que se situa entre a Terra e a Lua.

Aqueles que foram injustos e devassos sofrem então [no Hades] o castigo pelas suas ofensas, mas os bons e virtuosos ficam lá [no Hades] detidos até serem purificados, e têm, pela expiação, purgadas todas as infecções que possam ter contraído pelo contágio do corpo [soma], vivendo na parte mais suave do ar, chamadas as Pradarias do Hades, onde devem permanecer por um tempo designado e pré-fixado.

E então, tal como se regressassem de uma peregrinação errante ou de um longo exílio do seu país [natal], eles têm o sabor do júbilo - característico daqueles que são iniciados nos Mistérios Sagrados - misturada com inquietude, admiração e um sentido de esperança apropriado e particular de cada um".

Segundo o Glossário Teosófico (traduzido para português pela Editora Ground do Brasil, embora eu pessoalmente prefira este glossário), psyche é a alma animal ou terrestre, ou seja, o Manas inferior. Nous era o termo designado por Platão para a mente superior ou consciência divina no Homem. É o Manas superior. Quanto a soma, é o corpo físico, como é evidente. 

PS - Texto alvo de algumas correcções a 10 de Setembro de 2012, nomeadamente a substituição da palavra "conhecimento"por "entendimento". Nas páginas 94 a 96 de "A Chave para a Teosofia", de Helena Blavatsky este texto é apresentado de forma mais corrida, como prova de que o processo pós-morte apresentado por ela não constituia propriamente uma novidade, sendo que no passado o tema já havia sido abordado nos mesmos moldes, de forma mais ou menos velada. 

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