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terça-feira, 3 de julho de 2012

A Escada de Ouro (1ª parte)


No ano de 1890, em instruções dirigidas à Secção Esotérica da Sociedade Teosófica, Helena Blavatsky deu a conhecer a “Escada de Ouro”, um conjunto de regras destinadas aos membros daquela Secção e que foram retiradas do Livro da Disciplina. Este livro era usado nas escolas de Dzyan, pelos estudantes da Ciência Secreta (Gupta Vidya). O objectivo destas regras era ajudar ao progresso de cada um dos estudantes, aproveitando a experiência diária de cada um deles, de modo a que atingissem a Sabedoria necessária através de uma vida nobre e de serviço corajoso à humanidade.

Essas instruções constam do volume XII dos Collected Writings de HPB e podem ser consultadas aqui (deve ser consultada a página 501).


As duas frases que precedem a "Escada de Ouro” propriamente dita merecem especial atenção:

“Aquele que não retira a sujidade que pode ter contaminado a sua fonte de inspiração, não ama a sua fonte de inspiração nem honra a si próprio.
Aquele que não defende os perseguidos nem os indefesos, que não partilha a sua comida com os famintos nem tira água do seu poço para os sedentos, nasceu demasiado cedo na forma humana.”

Avançando agora para a “Escada de Ouro”…

“Observe a verdade diante de si:
Vida limpa, mente aberta,
Coração puro, intelecto ardente,
Clara percepção espiritual,
Fraternidade para com o seu co-discípulo,

Prontidão para dar e receber conselhos e instruções,
Leal sentido de dever para com o Instrutor,
Obediência diligente aos preceitos da Verdade,
Uma vez que tenhamos depositado a nossa confiança nela,
Crendo que o Instrutor a possui;

Resistência corajosa às injustiças pessoais,
Destemida declaração de princípios,
Defesa valente daqueles que são injustamente atacados,
Uma mira constante no ideal do progresso humano,
E na perfeição, conforme revela a ciência secreta (Gupta Vidya).

Esta é a escada de ouro
Os degraus da qual o aprendiz pode subir
Até o templo da Sabedoria Divina.”

Na internet é possível encontrar alguns comentários que podem auxiliar na interpretação da “Escada de Ouro”. Por exemplo em 1958, foram publicados os comentários de Sidney A. Cook, um teosofista nascido na Inglaterra, mas que se viria a naturalizar norte-americano, tendo desempenhado cargos importantes na Sociedade Teosófica de Adyar, sob as presidências de Jinarajadasa e N. Sri Ram (o pai da actual presidente Radha Burnier).

Este teosofista argumenta que, pelo facto de ser uma escada, faz todo o sentido que exista uma ordem deliberada e que os degraus têm de ser todos percorridos.

Cook refere que Blavatsky na verdade, não nos deixou apenas um manancial de informação sobre o funcionamento do Universo e os princípios filosóficos da Doutrina Secreta, mas delineou também os preceitos e instruções detalhadas sobre o caminho a trilhar por cada de um nós no caminho para a Iluminação.

Avancemos para a interpretação que Cook faz da “Escada de Ouro”.

1. Vida limpa
É um requisito para o desenvolvimento interior e envolve não só limpeza espiritual (de emoções negativas e de desejo) mas também física (cuidados com a alimentação, por exemplo).
Está pois relacionado com o aspecto físico, emocional e etérico ou magnético.

2. Mente aberta
Obriga a lidar com preconceitos e ideias fixas, pois a mente tem de estar aberta à análise de ideias novas e possivelmente conflituantes, algumas delas se calhar anteriormente postas de lado devido a uma visão demasiado estreita. Não pode haver nem aceitação nem rejeição a priori. Uma ideia que nos cause rejeição a princípio tem de ser analisada, pois podemos estar a ser vítimas do nosso próprio preconceito. Princípios mais estreitos devem dar lugar a princípios mais abrangentes e inclusivos.
Estar aberto ao desafio, à dúvida, não significa viver na constante incerteza, mas sim numa busca constante, deixando sempre espaço para novo conhecimento entrar. O discernimento assenta  em verificar, pesar, descartar, substituir e aceitar, construindo um núcleo de verdades que devem ser examinadas ciclicamente de modo a que possam ser enriquecidas.
Este passo está obviamente relacionado com o aspecto mental.

3. Coração puro
O coração é o instrumento perceptivo que compreende e entende. O coração transmuta, pois  enquanto a mente recebe e examina tudo, o coração permite apenas a retransmissão daquilo que é Verdade. A palavra-chave deste passo é transmutação e está ligado à qualidade intuitiva.

4. Intelecto ardente
É mais do que ter uma mente aberta, é a ânsia, o ardor da procura por conhecimento.
Está ligado ao aspecto da Vontade.

No próximo post continuaremos a acompanhar a interpretação feita por Sidney Cook dos restantes degraus desta maravilhosa “Escada de Ouro”.

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