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sábado, 23 de novembro de 2013

Teosofia pura e simples - A morte e a vida depois da morte (1ª parte)

Blavatskytheosophy.com é a página de internet de um grupo de estudantes britânicos ligados à Loja Unida de Teosofistas (LUT). Naquela página podemos encontrar um conjunto de artigos já extenso, sendo que alguns deles expressam de modo simples e cristalino ideias essenciais da Teosofia, com a vantagem (do meu ponto de vista) de respeitarem escrupulosamente as ideias originais conforme foram transmitidas por Helena Blavatsky, William Quan Judge e pelos Mahatmas através das suas Cartas dirigidas a Alfred Percy Sinnett.

Helena Blavatsky (1831-1891)

A referência que está no parágrafo anterior não significa que apenas aquela literatura seja valiosa no campo teosófico, pois muitos outros contribuidores expressaram aquelas noções de maneiras quiçá até mais apelativas e compreensíveis, e sem contradizer os postulados originais. Quem obviamente apresentar ideias contrárias deverá claramente explicar porque o faz. Contudo, não há dogmas na Teosofia e tal como expressou Blavatsky, as ideias propostas deverão “triunfar ou desmoronar-se por seus próprios méritos” (vol.V, p.41, edição em português da Editora Pensamento).



O texto que será hoje traduzido (a primeira de duas partes) aborda a morte e o que sucede em seguida. Fala do caso geral e não aborda exceções.

Avancemos pois com a tradução, sendo que as imagens que intercalam o texto e respetivas legendas foram colocadas por mim.  Agradeço ainda ao Matthew Webb a permissão dada para a tradução.

“P: Eu sempre tive receio da morte e de morrer. O que me acontecerá quando morrer, de acordo com os ensinamentos da Madame Blavatsky e dos Mestres apresentados na Teosofia? O que disserem eles sobre isto?

R: Antes de mais, não há nada com que se preocupar. Você nunca morrerá. A única parte de você que realmente morrerá quando a mudança ou transição vulgarmente conhecida por “morte” tiver lugar é o corpo físico…e isto não é nada mais do que o seu invólucro exterior, de qualquer modo.

Um excerto de um famoso poema de Mary Elizabeth Frye  diz: “Não fiques na minha sepultura a chorar; eu não estou lá, eu não durmo…não fiques na minha sepultura a chorar; eu não estou lá, eu não morri.”

Foto de Mary Elizabeth Frye (1905-2004)

O verdadeiro “Eu” do nosso ser nunca morrerá. O nosso corpo astral acabará por se desintegrar quando a última partícula do corpo físico morto se desintegrar. Além disso, o prana (vitalidade, energia vital) que anima agora o nosso corpo físico e mantém-nos encarnados fisicamente, regressará depois da morte ao prana universal.

Mas apesar disso você – a alma – nunca morrerá.

Nos últimos momentos da vida, quando o corpo para todos os efeitos parece morto, tudo o que fizemos, dissemos, pensamos e experienciámos na vida que terminou passará com perfeita clareza perante a nossa visão interna. Veremos a absoluta justiça e equidade de tudo o que nos aconteceu na vida e como tudo prosseguiu exatamente como devia, de acordo com a infalível lei da causa e efeito, ação e reação, conhecida como karma.

Então o “cordão de prata” que liga o nosso corpo físico ao seu duplo astral vitalizante irá partir-se e é isto que traz a verdadeira morte física. Isto causa um tal choque à alma que a próxima parte do processo irá ter lugar de forma inconsciente para nós.

Mahatma KH, um dos Mestres que se
comunicou por escrito com Sinnett, tendo
 abordado extensamente esta matéria

Inconscientemente iremos entrar no Kama Loka, que é a atmosfera psíquica ou “plano astral” que rodeia e que até certo ponto interpenetra o plano físico.

O tempo que permaneceremos lá será determinado por vários fatores mas principalmente pelo grau de sensualidade e atração material que caracteriza a vida que terminou. O que lá ocorre é a separação entre a nossa natureza inferior, sensual e material e a nossa natureza mais espiritual e superior.

O lado mais inferior, sensual e material da nossa natureza não pode entrar no estado celestial e portanto tem de ser abandonado no estádio intermediário do Kama Loka. Quanto mais espiritual e menos material e sensualmente estivermos direcionados e inclinados, mais rapidamente este processo acontecerá. Poderá levar apenas alguns minutos, ou então várias horas, dias, semanas ou meses – ou, menos frequentemente, vários anos – dependendo da preponderância da natureza inferior sobre a superior.

Não estaremos conscientes enquanto tudo isto acontece. Quando a separação entre a natureza inferior e superior eventualmente ocorre, é designada, figurativamente falando, como a “segunda morte”.

A.P.Sinnett (1840-1921)

Isto inevitavelmente causará maior choque à alma e portanto nós entraremos naquilo que é conhecido como o “estado de gestação”, um período e estado de profundo repouso e recuperação interna, semelhante ao sono mais profundo que se possa presentemente imaginar.

Não podemos especular sobre a duração que isto possa ter, mas nalguns casos é bem longo do que se possa pensar.

Entretanto, os elementos da nossa natureza inferior, agora aglutinados numa espécie de casca psíquica permanecem no Kama Loka. A nossa alma – que em Teosofia é muitas vezes chamada de Ego, usando esta palavra no seu sentido literal e verdadeiro – seguiu em frente e uniu-se à sua natureza mais elevada e espiritual.

A casca no Kama Loka é conhecida como Kama Rupa, o que significa “forma desejo”. É desprovida de alma e a inteligência que nela sobrevive é básica e automática. Não tem consciência individual própria. É apenas a amálgama das escórias da natureza inferior da vida que acabou de terminar.

Irá permanecer no Kama Loka até que a sua a força e paixões se consumam e então desintegrar-se-á por completo e cessará de existir. Isto pode levar semanas, meses ou anos, uma vez mais determinadas pela força e quantidade de sensualidade.

Continua na próxima semana.

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